"Ou mata ou morre" . Foi com esta sensação de penúria que Tereza virou a última página do livro. Sensação do inacabado , do que poderia vir mas não veio pelo excesso de solidão. Descobriu por um instante que a morte lhe pesava, doía a coluna. Rangia os dentes. A realidade negra passara rente ao seu umbigo. Sentiu medo, um arrepio . Queria ser anestesiada e voltar àquele mundo psicodélico da imaginação onde não se falava em medos bobos e nem em falsas "coragens" absolutas. A realidade vez ou outra é uma droga em doses cavalares que de tão sádica e irônica ri na nossa cara. Tereza que sempre fugira de estereótipos e padrões hoje se viu classificada naquela mulher apedrejada, marginalizada só por se permitir a ser quem era. Tereza sentiu na pele a agonia de se ter que matar um amor para sobreviver. Fechou o livro, secou uma lágrima e então virou uma fera.
(Entre a selva e o coração )
Gisele Resende

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