Nascer mulher em um mundo feito para os homens: O que nos faz sentir amadas?

Após fazer uma compra em uma loja, ouvi a vendedora afirmando para outra cliente: “Eh! Nós mulheres não podemos fazer isto, os homens podem tudo”. Claro que esta frase foi uma tremendo convite para entrar na conversa. Perguntei por quê não podíamos fazer tudo também... Percebi que a assustei com a minha interlocução, ela respondeu: “Ah, podemos sim. Mas sempre falam”. Questionei novamente: “E você liga para o quê falam?” Passamos uns 15 minutos conversando sobre o tema, seus olhos azuis expressivos encheram-se de mais brilho. Mulher gosta! Gosta sim de se sentir dona da porra toda. Quando percebi estávamos todas, eu e as três vendedoras conversando sobre nossas experiências. Laços femininos, temos muitos e isso nos faz mais fortes.

Engana-se quem pensa que o melhor programa de uma mulher é ir ao shopping, o melhor programa de uma mulher é olhar a vitrine, gostar do produto e pagar a compra com seu próprio dinheiro. É a sensação de liberdade mais querida que possamos sentir na vida. Perceber que a energia da sua conquista transformou-se em matéria bruta. Sim, o que faz sentirmo-nos amada é a liberdade de ir e vir. Quanto tempo se discutiu que mulheres fingiam orgasmos. Quanto tempo mandaram nos dizer o que precisávamos fazer. Quantos tabus nos foram impostos. E quanta soltura em fazer dos nossos corpos, casa de emancipação.

E assim soaram nossas argumentações naquele encontro de balcão em uma loja de sapatos. Quatro mulheres e uma única voz: O que nos faz sentir amada é o amor que a gente dá pra gente mesmo, quando nos permitimos todas as sensações. Do nosso corpo ao nosso espirito, incluindo a autonomia em levar para casa sapatos vermelhos, azuis ou amarelos.

P.S: Levei os da cor bordô!

Gisele Resende

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