Mulher grite por sua independência, mas saiba aonde habita a sua coragem:


Nunca se falou tanto em emancipação feminina, mas também nunca se usou tanto as mulheres para ganhar conceito. O verbo usar se apropria em utilizar, servir-se. Tudo que não queremos tudo que há tempos estamos combatendo. Descrever este tema é tão sombrio quanto entrar em uma floresta fechada. O que vamos encontrar? Muitos não gostam nem de aborda-lo e antes de tentar entender nos mergulham em criticas. Poder escrever sobre esta temática, partindo por sentimentos femininos talvez o torne mais desafiador. Mas, acho importante mexermos neste imenso caldeirão, uma vez que ganhamos voz e tudo é muito recente. Ontem assisti ao filme O Conto, de Jennifer Fox e este universo feminino ficou muito próximo da realidade. Quem tiver oportunidade de assistir, assista, pois nos traz varias reflexões. Uma delas foi, em como uma mulher pode se torna frágil envolta a sentimentos que não perceba, como a servidão. De um lado uma mulher supostamente independente, professora de hipismo apaixonada pelo seu amante atraindo crianças para ele. E do outro lado uma mãe, dona de casa, exausta que tenta alertar o marido sobre o perigo de um homem desconhecido com a sua filha, e que não é ouvida. Calando-se. No centro deste enredo, uma frágil criança, menina. Também mulher. Toda historia gira em torno da temática da pedofilia, do assedio sexual. Porem o que mais me chamou atenção foram os papeis femininos que deveriam ser de proteção a esta criança, mulher, que foram estagnados pela voz recolhida da submissão, conformação. Resignação!

É certo que toda esfera do filme se passa na década de 70 aonde o papel da mulher não chega perto do que vemos hoje. Evoluímos bastante, mas é crucial que entendamos que nossa historia foi pautada em viver a margem, apesar de sermos o contraponto de tudo. O mundo social nos escondia e só as destemida, as que possuíam ânimo em romper esta malha do inconsciente pela força do seu trabalho, que não fosse domestico, se destacava. Por estas mulheres saímos do cotidiano da casa, da cozinha, dos quartos. Pudemos adentrar os palanques, os laboratórios, os bancos, os escritórios. Deixamos de ser somente vista pela costura da bainha da calça ou a excelente marmita exposta pelo marido no trabalho. Ganhamos espaço no mercado profissional e, acredito que este foi um dos pontos mais importante da nossa conquista. Sendo uma profissional, sendo alguém que trabalha, gera renda. Conquistamos o direito em ser pessoa, cidadã e foi assim que o mundo nos enxergou. Foi assim que o voto chegou até a gente. Graças a toda luta e batalha das sufragistas no ano de 1897, em se colocarem na sociedade. Há muitos significados na conquista do voto, assim eu acredito. Uma confiança para todas nós.

Fazendo um paralelo entre a luta das mulheres no sufrágio feminino, em que foi uma conquista igualitária para todas nós, de braços dados. Com a teia do filme o conto, na década de 70, aonde havia um misto de independência e dependência da mulher eu fico assustada, pois ambas as personagens cederam à submissão masculina. E indo mais longe, em nosso mundo contemporâneo quando me deparo com tanta violência domestica pelas manchetes, jornais. Penso: O que nos leva a aceitar tanto maus-tratos. O que leva uma mulher a denunciar um agressor somente quando está visivelmente machucada com a alma estraçalhada. Sinceramente, é disso que estou falando. Por que demoramos tanto tempo para perceber o quanto ainda estamos submetidas a alguma esfera de poder? É esta reflexão que quero trazer. É esta coragem das sufragistas que quero manter em mim. Esta consciência, em ser pessoa. Em entender a minha figura no mundo, na esfera publica. Devemos ser o grito, mas devemos também preencher nossos espaços com ações, ações que rompam com toda a figura que queira nos direcionar para algo. E isto só é feito quando verdadeiramente nos conhecemos, nos livramos de toda imagem ilusória e fantasiosa que nos suborna. Ser e estar presente dentro de si, tão completa que não há espaço para feitoria. Sejamos extraordinárias!


“A coragem chama a coragem em todos os lugares”, (Millicent Fawcett, sufragista )

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